‘A Justiça não anda, não acontece’, lamenta viúva de vítima da chacina de Unaí

“A Justiça não anda, não acontece”, relata Helba Soares da Silva, de 59 anos, que era companheira do auditor-fiscal do trabalho Nelson José da Silva, vítima da chacina de Unaí, em janeiro de 2004, em Minas Gerais. Helba questiona a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou a execução imediata de pena de prisão imposta a Norberto Mânica, José Alberto de Castro e Hugo Alves Pimenta, condenados pelo assassinato de fiscais do Ministério do Trabalho. A decisão foi publicada nesta terça-feira (9). “São pessoas poderosas, os reis dos grão”, desabafa.

A decisão de Moraes determina que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deverá julgar novamente a questão no pleno do tribunal, e não na Quinta Turma, colegiado que proferiu decisão favorável aos condenados. O pedido de anulação foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão entendeu que o caso só poderia ser julgado por meio de votação absoluta entre os membros do STJ, e não por órgão julgador fracionário.

“Tem quase 20 anos que a gente espera por essas prisões e até hoje nada. O caso foi em 2004, e deste então usaram todos os recursos para protelar o julgamento. Vieram as condenações, mas as prisões nada. Neste tempo, eles só tiveram ainda mais poder”, relata Helba Soares da Silva. Segundo a companheira do auditor-fiscal Nelson da Silva, ao longo dos anos, ela recebeu apenas uma indenização, porém não teve acesso ao recurso. O valor foi depositado em uma conta judicial. “A gente estava em processo de união estável, e ele morreu. Não tivemos a oportunidade de nos casar, foi só um sonho”, completa.

Além do sentimento de impunidade, Helba afirma que passou a conviver com uma série de doenças. Conforme ela, os diagnósticos foram consequências do crime, que alterou planos e projetos que tinha com o marido. “Depois que ele morreu, precisei alugar a casa onde a gente morava para conseguir uma renda extra e pagar meus medicamentos”, conta a mulher, que atualmente trabalha no escritório de uma fazenda da região. “Além do trabalho, tenho que manter essa luta pela condenação”, finaliza.

Fonte: O Tempo

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